top of page
Buscar

#3: Espaços biofílicos: soluções naturais que valorizam ambientes internos.

Atualizado: 27 de out. de 2020

Você percebe aquele conforto que sentimos quando estamos em contato com a natureza? Sabia que podemos ativar estas sensações mesmo dentro das nossas casas? Conheça alguns atributos do design biofílico que podem valorizar os ambientes internos.



Hoje, mais do que nunca, percebemos como é importante vivenciar as experiências em meio a natureza. (Ah! Como sentimos falta...) Estas experiências e seus benefícios, são estudados pela biofilia (WILSON, 1968), que busca compreender quais são as influências do meio natural nas atividades humanas cotidianas.


O bem-estar gerado pelo contato direto com a natureza é perceptível, mas será que podemos ativar essas sensações mesmo em espaços internos? A ótima notícia é que sim!


Stephen Kellert e Elizabeth Calabrese (2015) estruturaram o conceito de design biofílico, que busca analisar não só a natureza em seu estado original, mas também as possíveis relações com o meio construído. Estes estudos propõem análises em três categorias: as relações diretas com a natureza, as relações indiretas com a natureza e as relações entre o espaço e o lugar. [Clique na imagem e acesse o livro A prática do design biofílico de Stephen R. Kellert e Elizabeth F. Calabrese |2015]



As experiências indiretas são exatamente aquelas onde os benefícios dos espaços naturais são ativados dentro dos espaços construídos. Considerando que atualmente 55% da população mundial vive em áreas urbanas, e tende a crescer para 70% até 2050 (ONU, 2019), essa ativação se mostra essencial nas cidades contemporâneas.


Alguns atributos do design biofílico podem reduzir o estresse, contribuir para a saúde física e melhorar o conforto em nossos espaços cotidianos. Portanto, é necessário estruturar os espaços internos para valorizar as experiências naturais.


A experiência indireta com a natureza


1. Usar materiais naturais

Trazer elementos naturais para os espaços internos podem estimular as percepções humanas. Revestimentos, móveis, objetos de decoração, podem explorar as características táteis e visuais. Madeiras, pedras, lãs, algodões e couros frequentemente ativam sensações de conforto que poucos materiais artificiais podem provocar.


2. Optar por cores naturais

A aproximação das cores da natureza é gerada pelo uso de tons terrosos, que se aproximam das rochas, plantas e água. Tons vibrantes são usados com moderação, pois mesmo presentes entre flores, animais, arco-íris, auxiliam nas situações de alerta e perigo, como na identificação de frutos não-comestíveis ou plantas tóxicas.


3. Simular a luz e o ar natural

A luz natural pode ser valorizada com janelas amplas, com cortinas leves e sem obstruções, ou até mesmo simulada por luminárias com luz indireta e com temperatura de cor neutra (aprox. 4500K). Lembre-se também de valorizar a ventilação no ambiente, e caso seja necessário, propor soluções mecanizadas para o espaço.



4. Valorizar formas naturais

A utilização de formas semelhantes às existentes na natureza podem trazer uma dinâmica ao espaço. Estas linhas podem ser inseridas nas formas arquitetônicas de uma coluna clássica, no revestimento de um papel de parede ou até mesmo nos itens de decoração. A sensação criada será de que o ambiente faz parte de um sistema vivo e que pode estimular surpresas.


5. Evocar a natureza

Às vezes a natureza ganha destaque sem que precisemos ver a sua forma real. Inspirações podem traduzir de forma sintética a beleza da natureza destacando suas sensações de bem-estar. Poltronas, balanços, mesas, podem apresentar formas contemporâneas totalmente baseadas no design derivado do mundo natural.


6. Utilizar quadros de temática natural

O distanciamento da natureza pode ser minimizado com o uso de pinturas e fotografias que possuam temática natural como paisagens, plantas, animais, água e pedras. Essas imagens exercem um impacto emocional de satisfação e bem-estar como janelas para outra realidade. Esse efeito é conquistado pelo uso abundante destes elementos nos espaços, e não possui o mesmo impacto quando isolados no ambiente.


7. Apreciar a riqueza de detalhes

Se pensarmos em um ambiente natural agradável, logo milhões de detalhes irão invadir a nossa mente. A diversidade de informações, quando bem organizadas, tendem a representar uma riqueza de opções e oportunidades. Com a interação entre a arquitetura, os revestimentos e os objetos, o espaço passa a ser mais agradável e interessante às descobertas.




8. Destacar a pátina do tempo

Os ciclos fazem parte da natureza. Utilizar materiais que representam essa passagem do tempo, transmitem a sensação de que fazemos parte deste ciclo. Em espaços interiores, podemos utilizar revestimentos como pátinas em madeiras e aço cortên. Estes efeitos também são oferecidos no mercado como padrões de fórmicas, cerâmicas e porcelanatos. Para um efeito mais agradável, estes materiais rústicos podem ser harmonizados com elementos sofisticados e modernos.



9. Realçar as geometrias naturais

Já parou para observar que na natureza também existem padrões geométricos? No crescimento das folhas, nas voltas de uma concha de caramujo, na formação de um minúsculo floco de neve, sim, a geometria está lá! Quando repetimos formas básicas, criamos padrões e proporções nos projetos. Então crie fractais, proporções áreas e aplique até mesmo a Sequência Fibonacci.


10. Aplicar a biomimética

Diversas formas do design foram baseadas em estruturas já existentes na natureza. Soluções como a resistência estrutural das teias de aranha, a ventilação perfeita de um cupinzeiro, foram estudadas e aplicadas no nosso dia-a-dia. Trazer referências de estruturas tão bem estabelecidas na natureza podem garantir sucesso no projeto e ampliar o nosso pertencimento ao espaço.



Estes atributos foram caracterizados, mas estão fortemente entrelaçados na composição de um ambiente. (É quase impossível desassociar um atributo do outro, não é mesmo?). As cores estão presentes nos materiais naturais, as geometrias naturais estão presentes na biomimética, e assim por diante. Logo, fica evidente que existe uma relação mútua e precisamos valorizar cada um dos atributos e complementar um ao outro.


Deste modo, utilizando os atributos para as experiências indiretas do design biofílico, as paredes podem deixar de ser um limitador entre o espaço externo e o interno. Com algumas adaptações a natureza pode (e deve!) ser trazida para os espaços internos. E assim, gradualmente, a necessidade de interagir com o meio natural irá alterar o modo com que projetamos nossos espaços.


Referências:


KELLERT, S. and CALABRESE, E. 2015. The Practice of Biophilic Design. Disponível em: https://www.biophilic-design.com/, acesso em 18/06/2020.

ONU, ONU prevê que cidades abriguem 70% da população mundial até 2050, 2019. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/02/1660701 , acesso em 18/06/2020.


Imagens:

Clique nas imagens para acessar as referências externas.


Para saber mais acesse:





112 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page