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#2 Biofilia e design biofílico: Princípios que valorizam a experiência natural no espaço construído

Atualizado: 23 de mai. de 2020

Conhece o termo biofilia? Quais os impactos podem ser gerados por elementos naturais nos ambientes? Aprenda mais sobre a teoria que sugere vivências naturais e pode tornar seu ambiente mais confortável.



Ao abrir nossas janelas, percebemos como vivemos em cidades cada vez mais urbanizadas. Frequentemente nos deparamos imersos em estruturas construídas sem um cuidado adequado, que nos afastam cada vez mais das experiências naturais. Aos poucos esquecemos o que é viver cercados por plantas, rios, lagos e ar puro (parece que deixamos até mesmo de respirar…). Este afastamento pode interferir diretamente no nosso bem-estar.


Contrabalanceando esta realidade contemporânea, estudos provam que a retomada das relações com a natureza podem reacender sensações já esquecidas e refletir diretamente em nosso comportamento. Para a ativação destas sensações de bem-estar, o ambiente construído pode incorporar elementos naturais em seu plano urbano, sua forma arquitetônica e até mesmo em objetos de decoração.


A fim de compreender estas relações entre espaço construído e espaço natural, vamos iniciar uma exploração do termo biofilia, conhecer alguns princípios de design biofílico, e destacar as principais intervenções que podemos executar em nosso cotidiano.


Definição de biofilia


Edward O. Wilson, nascido em 1929, atuou nas áreas da ecologia, evolução e sociobiologia. Passou a analisar as atividades mais ancestrais do ser humano, e uma de suas maiores contribuições foi a observação da capacidade humana de relacionar suas vivências às demais ações existentes na natureza. [Clique na imagem e saiba mais sobre o livro Biofilia de Edward O. Wilson | 1986]


Em 1968, Wilson propôs o termo biofilia, que vem literalmente do grego “bios”, que significa vida, e “philia”, amor. Assim, sua teoria afirma que toda relação humana busca um bem-estar que se encontra na origem da sua história, motivado pelas suas vivências, pelo seu “amor pela vida”.


Com a exploração desenfreada dos recursos minerais e uma sociedade cada vez mais industrial, muitos estudiosos já tornavam evidente a necessidade da conservação da natureza e um fortalecimento dos movimentos ambientais. Os conceitos foram reunidos no livro Biofilia, contribuindo para a difusão do conceito e a relação com outras áreas do saber. Foi assim que a arquitetura passou a incorporar esses conceitos em suas formas e materiais.


“Conhecer este mundo é ganhar um apego proprietário a ele. Conhecê-lo bem é amar e assumir a responsabilidade por ele”.(Wilson 2002).

Conceitos de design biofílico


Baseado nos estudos da biofilia, elementos naturais passaram a ser mesclados aos ambientes construídos, propondo um conceito de design biofílico. Estas propostas foram amplamente difundidas por Stephen R. Kellert, nascido em 1943, pesquisador, escritor e professor de ecologia, e Elizabeth F. Calabrese, arquiteta LEED e pesquisadora. [Clique na imagem e acesse o livro A prática da design biofílico de Stephen R. Kellert e Elizabeth F. Calabrese |2015]



Na sua origem, a palavra design vem do latim “designare” que significa sinalizar, marcar. Como passar do tempo tomou novos usos, passando a representar o próprio desenho, esboço, plano e projeto. Portanto, o design biofílico se debruça na capacidade de projetar espaços que destaquem o amor pelo viver.


Logo, a essência do design biofílico propõe a criação de um habitat que se aproxima de um organismo vivo equilibrado. Considera-se que espaços e arquiteturas com boas formas contribuem na saúde e bem-estar de seus usuários.



Princípios para uma experiência natural


Alguns princípios para melhorar o bem-estar nos ambientes construídos foram propostos na publicação “A prática do design biofílico” de S. Keller e E. Calabrese, e através de análises podem ser aplicados em diversos casos:


1. Propor uma relação cotidiana e sustentável com a natureza


Crie espaços para ter contato com a natureza na sua própria casa. Não idealize apenas um grande jardim, complemente a sua decoração com vasos, quadros e arranjos. Quem sabe uma linda samambaia ao lado da janela?



2. Valorizar as adaptações ao mundo natural para promover bem-estar


Garanta espaços bem iluminados e ventilados. Escolha materiais certificados e de boa qualidade para os seus projetos. Proponha soluções que agridam menos o meio ambiente e visam um ciclo mais sustentável. Pesquise por novas tecnologias, seja inovador.


3. Encorajar relações emocionais com os lugares de vivência


Valorize parques e praças como espaços sociais do dia-a-dia. Utilize estes espaços para um descanso na hora do almoço ou uma caminhada no final do dia. Quantos parques já visitou na sua cidade?


4. Promover interações positivas entre pessoas e natureza


O bem-estar gerado por uma simples pôr-do-sol pode relembrar como é bom estar em contato com a natureza. Perceba suas cores, suas texturas e seus aromas. Não deixe de sentir o carinho da grama sob os seus pés.


5. Incentivar soluções interconectadas entre a parte e o todo


Como um organismo vivo, somos parte de um todo. Quando observamos a nossa dependência das fontes naturais e compreendemos a sua finitude, criamos uma relação de reciprocidade com o meio ambiente. Ao invés de apenas consumir, cuide.



Em síntese, estes princípios influenciam o nosso modo de pensar e agir. Seja na sua cidade, casa ou trabalho, o espaço construído pode ser planejado para possibilitar as experiências naturais e refletir bem-estar no nosso cotidiano.


A sociedade contemporânea pede por um equilíbrio em nosso modo de viver. Após mais de cinquenta anos da criação dos conceitos de biofilia e design biofílico, precisamos valorizar as formas ancestrais de vida no planeta e incorporá-los ao nosso cotidiano.


Referências:


KELLERT, S. and CALABRESE, E. 2015. The Practice of Biophilic Design.

KRCMÁROVÁ, Jana. (2009). E.O. Wilson's concept of biophilia and the environmental movement in the USA. Kladyán. 6. 4-17.

WILSON, E. O. (2002): The Future of Life. Alfred A. Knopf, New York, 256 p.


Para saber mais acesse TED:




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